8 de abril de 2017

Orchestra Baobab “Tribute To Ndiouga Dieng” (World Circuit, 2017)


Com ‘Alekouma’, um tradicional griô gambiano, cai o pano deste notável “Tribute to Ndiouga Dieng” (já agora, falecido em dezembro do ano passado, Dieng foi um antigo vocalista da Orchestra Baobab) e Florent Mazzoleni, responsável pelas notas de apresentação do disco (e autor de uma série de biografias de música popular africana com mais buracos do que a EN17 perto de Seia), mal se apercebe da ironia com que descreve as intenções de Balla Sidibé para o tema (Sidibé é hoje o principal cantor da banda): “Primeiro, pensou dedicá-la ao presidente da Gâmbia, Yaya Jammeh [sic]; depois, considerou destiná-la ao presidente senegalês, Macky Fall [sic], até que, como isto da política é complicado, optou por não a oferecer a ninguém.” Certo… Não fossem as gralhas, claro, e caso não se pudesse retirar de ‘Alekouma’ a seguinte moral: bom e sério é o homem que se mantém fiel aos seus princípios e firme nas suas intenções. Por outro lado, é verdade que escreve acerca de uma gente de tal maneira pragmática que, em 2002, sem especial jactância, atribuiu a si mesma o epíteto “Specialist in All Styles”. Aliás, na sua fase de arreigado nacionalismo, quando entraram em vigor os valores culturais sintetizados no conceito négritude, de Léopold Senghor, intitulava-se Orchestre du Bawobab. Era o tempo em que, na sala que lhe tinha verdadeiramente dado o nome, o clube Baobab, em Dakar, os seus membros atendiam a pedidos de homens de negócios, estadistas ou diplomatas que, dados ao sentimento, tanto queriam ouvir clássicos de charangas cubanas dos anos 50 quanto folclore uolofe, fula e mandinga ou melodias de Casamansa. Agora, apesar de há uma década nada se saber de si, e depois de umas quantas mudanças no elenco, é essa peculiar competência que se revalida num prodigioso registo que, no fundo, nada mais faz do que aquilo que sempre fez: seguir atrás do muito que de si saiu… Até se reencontrar.

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