Narrando a história do ukelele em "The Hawaiian Steel Guitar and Its Great Hawaiian Musicians", Lorene Ruymar relembra a braguinha e o cavaquinho nas malas de cartão de emigrantes madeirenses. Noutro momento crítico recupera a figura de Gabriel Davion, um refém de piratas portugueses arrastado da Índia para os mares do sul que tocava a gottuvadhyam (21 cordas dedilhadas com uma mão enquanto a outra faz deslizar pelo braço sem trastes um cilindro). E conta como, em nova vida de insular boémia, Davion, usando então um canivete, aplicou a técnica ao ukelele lançando um estilo que se provou apropriado à invenção da música country por Hollywood. Por fim, fechou-se parte do círculo quando westerns e filmes de aventuras no Pacífico se tornaram populares em Bollywood a tempo de impressionar um jovem Debashish Bhattacharya. Cada vez mais fundamental quando se fala de guitarras na Índia (a par de Vishwa Mohan Bhatt ou Brij Bhushan Kabra), está aqui acompanhado pelo grupo de percussionistas que a seu lado esteve este ano no FMM de Sines, e parte da cálida metáfora do amor reencontrado – reforçando essa ideia circular do tempo – para hipnoticamente combinar tradições desavindas. Se ao menos o Mundo fosse assim tão simples.
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