Na corrente edição do Jazz em
Agosto, Evan Parker e David Toop falaram de um interesse pelo tempo. Sobretudo,
de como a experiência da música – do seu exercício à sua escuta – afeta o
relógio biológico. Mas há, também, uma música que influencia a perceção do
espaço. Quando alguém perguntava ao jornalista italiano Luca Vitali o porquê de
ter escrito um livro dedicado ao jazz norueguês, ele começava por lembrar o
“papel que a Noruega desempenhou na emancipação do jazz europeu da sua matriz
afro-americana”, mas, logo depois, adiantava que queria desmontar um clichê: “Vista
de fora”, dizia, “a cena escandinava é frequentemente associada com aquilo que apelidamos
de ‘som nórdico’ – um jazz melodioso de tons suaves e abundantes efeitos de
reverberação. Ora esta imagem não lhe faz jus [e], no livro, procuro revelar a
parte oculta do icebergue.” Hoje, às 18h00, na Sala Polivalente, apresentará as
suas conclusões e, de seguida, com a subida ao palco do baterista Paal
Nilssen-Love, permitirá que se passe da teoria à prática. Mas será amanhã à
noite que Love, ao comando da sua Large Unit, procederá à liquefação de todos
os cristalizados preconceitos acerca dos espaços do jazz. Assunto que também
interessa a Thomas de Pourquery, cujos Supersonic (hoje, 21h30) interpretam
música de Sun Ra, aquele que cantou ‘Space is the Place’, e a Frank Gratkowski
(amanhã, 18h30), que, descrevendo o ato de tocar a solo, falou da “ambiciosa
luta em personalizar através do som um espaço que não é só seu”.
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