18 de janeiro de 2020

"Space Funk" (Soul Jazz, 2019)


De meados de 80, não tinha eu ainda dez anos, recordo uma cassete em quarta ou quinta geração com nomes como Afrika Bambaataa & Soulsonic Force, Planet Patrol, Cybotron, Grand Mixer D. ST, Jonzun Crew, Grandmaster Flash, Quadrant Six, Newcleus, Captain Rock, Davy DMX, Xena, Warp 9, Awesome Foursome, Whodini. Cheiinha de gralhas, pela mão de vizinhos com família nos EUA, aterrava, ali, numa praceta situada nas imediações do estádio do Clube de Futebol “Os Belenenses” – há tanto tempo que ainda nem havia o Belenenses SAD – e libertava ondas de choque dignas da chegada de uma nave espacial à superfície terrestre – ou quase. É o que me vem à memória, agora, mal leio o subtítulo desta compilação: “Afro Futurist Electro Funk in Space, 1976-84”. Mas, como de costume, tratando-se da Soul Jazz, esta história não se conta a partir das falas dos protagonistas mas, sim, daquilo que os atores secundários fazem – aliás, nem aqui estão os Manzel de ‘Space Funk’ (1977), quanto mais os ‘meus’ nomes. Está Santiago (dos Mandrill), Osé (aliás, James McCauley), Jamie Jupitor (Gregory Bussard, conhecido futuramente como Egyptian Lover) e gente muito mais obscura, como LEO, que em ‘Fee Fi Fo Fum’ (1983) punha um robô a atualizar o aviso dos Temptations, em ‘Get Ready’ (“So, fee-fi-fo-fum/ Look out baby, ‘cause here I come”), ou os Sonarphonic, de ‘Super Breaker’ (1984), com uma mão no chão e outra a atingir a miudagem do breakdance onde mais doía (“I break with my hands/ I break with my feet / I break to the music / And rock you to the beat/ I’m the baddest breaker in the world/ What makes me special? Huh, I’m a girl!”). Emissários de um futuro próximo em que as máquinas advertem: “There’s nothing we can’t understand/ We’re smarter than the normal man!” Já lá chegámos?

Sem comentários:

Enviar um comentário