Este “22
Strings” (embora cordes seja
efetivamente mais apropriado) foi editado em maio do ano passado mas só agora chega
às lojas portuguesas, como um suplemento à atuação de Seckou Keita agendada para
quarta-feira à noite no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa. Na instância, o senegalês terá a harpista galesa Catrin Finch a seu
lado, sua colaboradora em “Clychau Dibon”, um título de 2013 avesso ao cinismo
e feito à medida dos instintos de bacharéis em Antropologia – já agora, porque
estas coisas não se inventam assim, relembre-se que lhe foi concedida a
distinção de Melhor Colaboração Intercultural nos prémios de 2014 da revista “Songlines”.
O disco, que traçava uma tangente entre o mais atávico nas músicas celta e mandinga
para harpa e corá, trazia à memória um daqueles ensaios dos Baka Beyond em que
Keita participou: no seu melhor realizava um desvio ao cânone relativamente inocente;
no seu pior deixava-se comprometer por pressupostos ideológicos que se julgavam
há muito superados. Quiçá por via de Keita, vinha ainda marcado por um traço de
personalidade que, no contexto desta música que instrumentistas provenientes da
África Ocidental têm feito com congéneres seus na Europa, é tanto um defeito quanto
uma virtude: a adaptabilidade.
Enfim, o seu, porque o qualificativo até tem a ver com música, era cada vez mais como o caso do chef que se havia notabilizado na gastronomia nacional do seu país mas que só tinha conseguido emprego a preparar comida de fusão fora de portas. E é uma das possíveis motivações para um regresso a casa. Talvez por isso – ou apenas porque calha bem um cliché a seguir ao outro – se possa afirmar que este é o primeiro disco do resto da sua vida. Como o próprio indica em entrevista ao “World Music Central”: “É como aquele provérbio que nos diz que é preciso dar um passo atrás para poder dar dois à frente.” Daí um arco narrativo que se inicia com ‘The Path from Gabou’ (a região de Gabu é o local de nascimento mítico da corá), que passa por ‘Mandé’ (até para que se compreendam as diferenças entre a tradição de Keita e, digamos, a de Toumani Diabaté) e avança até ‘Future Strings in E’. Na sinopse de uma má adaptação ao cinema deste evangelho dir-se-ia que se reconduz o extraviado ao caminho certo. Banda-sonora já há.
Enfim, o seu, porque o qualificativo até tem a ver com música, era cada vez mais como o caso do chef que se havia notabilizado na gastronomia nacional do seu país mas que só tinha conseguido emprego a preparar comida de fusão fora de portas. E é uma das possíveis motivações para um regresso a casa. Talvez por isso – ou apenas porque calha bem um cliché a seguir ao outro – se possa afirmar que este é o primeiro disco do resto da sua vida. Como o próprio indica em entrevista ao “World Music Central”: “É como aquele provérbio que nos diz que é preciso dar um passo atrás para poder dar dois à frente.” Daí um arco narrativo que se inicia com ‘The Path from Gabou’ (a região de Gabu é o local de nascimento mítico da corá), que passa por ‘Mandé’ (até para que se compreendam as diferenças entre a tradição de Keita e, digamos, a de Toumani Diabaté) e avança até ‘Future Strings in E’. Na sinopse de uma má adaptação ao cinema deste evangelho dir-se-ia que se reconduz o extraviado ao caminho certo. Banda-sonora já há.
Sem comentários:
Enviar um comentário