1 de julho de 2017

Agenda: Jazz no Parque & Jazz im Goethe-Garten



Liquid Trio (Agustí Fernández, Albert Cirera, Ramon Prats)
Spinifex Maximus. Dir-se-iam saídos de uma arena romana ou de um filme dos Transformers. E a verdade é que se dariam bem em qualquer um dos instáveis cenários. O que aponta na direção deste batismo, presumivelmente inspirado por um género botânico endémico ao ecossistema das dunas. Pertence-lhes a abertura da 26ª edição do Jazz no Parque, em Serralves, no Porto, amanhã, pelas 18h, com a variante de se ver somado ao quinteto-base de Tobias Klein (saxofone alto), Bart Maris (trompete), Jasper Stadhousers (guitarra elétrica), Gonçalo Almeida (baixo elétrico) e Philipp Moser (bateria), já de si ampliado por John Dikeman (saxofone tenor), outros cinco executantes arrolados domesticamente: Francisco Andrade (saxofone tenor), João Martins (saxofone barítono), Luís Vicente (trompete), Eduardo Lála (trombone) e Gil Gonçalves (tuba). É desafiante imaginar esta espécie de formação pretoriana minimamente disciplinada, tal o grau de insurreição potencial que se lhe deteta, do mesmo modo que não deixará de espantar cada momento em que mude de forma em pleno andamento para superar obstáculos. É a esse tipo de inteligência que apela o festival deste ano, composto de estreias. De amanhã a oito dias, à mesma hora, será a vez de Rodrigo Amado se ver rodeado por Thomas Johansson (trompete), Jon Rune Strom (contrabaixo) e Gard Nilssen (bateria), noruegueses com a recruta feita em bandas como Universal Indians, Friends & Neighbors, All Included ou Bushman’s Revenge. Não querendo ser literal, qualquer um destes nomes se parece adequar às expetativas que os cercam. Curiosamente caberá a uma lenda da contrariedade – de expetativas também – a honra de encerramento, quando, dia 16, Joelle Léandre liderar acólitas convocadas para a ocasião: Susana Santos Silva (trompete, fliscorne), Maria Radich (voz, dança), Maria do Mar (violino), Joana Guerra (violoncelo, voz) e Angélica V. Salvi (harpa, eletrónica). É apropriado que este X 5 não pareça caber em nenhum molde – afinal, a contrabaixista passou a vida a quebrá-los. Olhando para o elenco do Jazz im Goethe-Garten deste ano, de 5 a 14 de julho, no Goethe-Institut, em Lisboa, é uma ideia que dá mostras de ocupar muitos espíritos. Os Earnear, por exemplo (João Camões na violeta, Rodrigo Pinheiro ao piano e Miguel Mira em violoncelo), embora sejam um trio de improvisadores aguçaram instintos na prática da música erudita. Tocam dia 5, às 19h, pela primeira vez ao ar livre, o que exercerá alguma ação sobre si. Outro trio mutante, o de Agustí Fernández (piano), Albert Cirera (saxofones) e Ramon Prats (bateria), na foto, reage tão intensamente ao momento que seria possível qualificá-lo como ambiental – toca dia 6. Quase nos antípodas, 24h depois, e ligados à eletricidade, surgem os Namby Pamby Boy – se puxarem muito pelos decibéis poder-se-á dar um apagão no Campo dos Mártires da Pátria. O festival prossegue dia 10 com um invulgar dueto de clarinete baixo (Oguz Büyükberber e Tobias Klein), dia 12 com Roots Magic, dia 13 com Weird Bear e termina dia 14 com Rotozaza, gente que viaja até ao fim da música e regressa sempre para contar como foi.

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