Liquid Trio (Agustí Fernández, Albert Cirera, Ramon Prats)
Spinifex
Maximus. Dir-se-iam saídos de uma arena romana ou de um filme dos Transformers.
E a verdade é que se dariam bem em qualquer um dos instáveis cenários. O que aponta
na direção deste batismo, presumivelmente inspirado por um género botânico endémico
ao ecossistema das dunas. Pertence-lhes a abertura da 26ª edição do Jazz no Parque, em Serralves, no Porto, amanhã, pelas 18h, com a variante de se ver
somado ao quinteto-base de Tobias Klein (saxofone alto), Bart Maris (trompete),
Jasper Stadhousers (guitarra elétrica), Gonçalo Almeida (baixo elétrico) e
Philipp Moser (bateria), já de si ampliado por John Dikeman (saxofone tenor),
outros cinco executantes arrolados domesticamente: Francisco Andrade (saxofone
tenor), João Martins (saxofone barítono), Luís Vicente (trompete), Eduardo Lála
(trombone) e Gil Gonçalves (tuba). É desafiante imaginar esta espécie de formação
pretoriana minimamente disciplinada, tal o grau de insurreição potencial que se
lhe deteta, do mesmo modo que não deixará de espantar cada momento em que mude
de forma em pleno andamento para superar obstáculos. É a esse tipo de
inteligência que apela o festival deste ano, composto de estreias. De amanhã a
oito dias, à mesma hora, será a vez de Rodrigo Amado se ver rodeado por Thomas
Johansson (trompete), Jon Rune Strom (contrabaixo) e Gard Nilssen (bateria), noruegueses
com a recruta feita em bandas como Universal Indians, Friends & Neighbors,
All Included ou Bushman’s Revenge. Não querendo ser literal, qualquer um destes
nomes se parece adequar às expetativas que os cercam. Curiosamente caberá a uma
lenda da contrariedade – de expetativas também – a honra de encerramento,
quando, dia 16, Joelle Léandre liderar acólitas convocadas para a ocasião: Susana
Santos Silva (trompete, fliscorne), Maria Radich (voz, dança), Maria do Mar
(violino), Joana Guerra (violoncelo, voz) e Angélica V. Salvi (harpa, eletrónica).
É apropriado que este X 5 não pareça caber em nenhum molde – afinal, a
contrabaixista passou a vida a quebrá-los. Olhando para o elenco do Jazz im Goethe-Garten deste ano, de 5 a 14 de julho, no Goethe-Institut, em Lisboa, é
uma ideia que dá mostras de ocupar muitos espíritos. Os Earnear, por exemplo
(João Camões na violeta, Rodrigo Pinheiro ao piano e Miguel Mira em violoncelo),
embora sejam um trio de improvisadores aguçaram instintos na prática da música
erudita. Tocam dia 5, às 19h, pela primeira vez ao ar livre, o que exercerá
alguma ação sobre si. Outro trio mutante, o de Agustí Fernández (piano), Albert
Cirera (saxofones) e Ramon Prats (bateria), na foto, reage tão intensamente ao momento
que seria possível qualificá-lo como ambiental – toca dia 6. Quase nos
antípodas, 24h depois, e ligados à eletricidade, surgem os Namby Pamby Boy – se
puxarem muito pelos decibéis poder-se-á dar um apagão no Campo dos Mártires da
Pátria. O festival prossegue dia 10 com um invulgar dueto de clarinete baixo
(Oguz Büyükberber e Tobias Klein), dia 12 com Roots Magic, dia 13 com Weird
Bear e termina dia 14 com Rotozaza, gente que viaja até ao fim da música e
regressa sempre para contar como foi.
Sem comentários:
Enviar um comentário