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Pense-se em Jeffrey “The Dude” Lebowski no banco de trás de uma
limusina a explicar-se perante Jeffrey “The Big” Lebowski que se terá uma
versão mais abreviada da coisa: “Vieram a lume umas merdas novas, pá!” Oportunidade,
então, para a Resonance elevar ainda mais a fasquia: “É tão importante quanto o
trio que Evans liderou em 1961, com Scott LaFaro e Paul Motian”, diz Myers. Dificilmente.
Parece ignorar-se que, nisto, mais vale agradecer com a verdade, que ofender
com a lisonja. E havia uma forma mais humilde de dizer ao que se vinha. Bastava
seguir à boleia de uma famosa frase de Evans, impressa na contracapa de “Kind
of Blue”, em que se sugeria uma equivalência entre a técnica de pintura Sumi-e, no Japão, e a improvisação, e
dizer que aqui se procedia de acordo com a visão do mundo Wabi-sabi, ancorada na estética do belo que é “imperfeito,
impermanente e incompleto”. Aliás, a mais-valia é exatamente essa: perante a
inadequação de DeJohnette e a inibição de Gómez, como no Kintsugi (o restauro a ouro de cerâmica lascada), eis Evans a reparar
delicadamente peças partidas – em paz com o destino.
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