Ao serviço da Youth Promotions, de Sugar Minott, avisava Tenor Saw:
“Soem os alarmes/ Está mais um som a morrer.” Como é óbvio, jactante,
referia-se à produção dos seus concorrentes, comparada à sua. Mas, em agosto de
1988, quando o seu corpo foi encontrado à beira de uma estrada secundária, em Houston,
a rima terá vindo à cabeça de muito boa gente. A certidão de óbito diz
atropelamento, mas Minott culpou os organizadores do evento e houve quem tenha apontado
o dedo a Nitty Gritty, alegando negócios de droga mal resolvidos entre os dois
– Gritty viria a ser assassinado à porta de uma loja de discos, em Brooklyn, em
junho de 1991. Alguns anos antes, em novembro de 1980, em Kingston, o carro em que
seguiam General Echo, Flux e Leon Johns (do Stereophonic Sound System) foi
mandado parar numa Operação Stop – sem razão aparente, a polícia executou os três.
Não terá sido necessário seguir o julgamento de Ninjaman (foi há dias condenado
a prisão perpétua pelo homicídio de Ricardo Johnson) ou lembrar o caso de Vybz
Kartel (a que foi imposta a mesma sentença em 2014) para evocar o longo
historial de violência em nomes associados ao dancehall.
Agora, de certa forma, reunido o gabinete de crise da
Soul Jazz, vem-se recordar esse tempo – que vai de inícios de 70, do Prince
Jazzbo de ‘Minstral’ ou do Dillinger de ‘Natty Ten to One’, digamos, a meados
de 80, quando King Jammy produziu ‘Under Mi Sleng Teng’, o primeiro tema
jamaicano a recorrer a programação rítmica – em que os arautos de um género
disposto a disputar em salões de baile a supremacia de reggae, lovers rock, roots e dub, não obstante dispensarem a cartilha da canção de protesto e se
curvarem à paranóia coletiva, tiveram consciência de ter em mãos uma música
nacional. Com apontamentos magistrais de Johnny Osbourne, Freddy McGregor e
Michigan and Smiley, “Studio One Supreme” imortaliza contributos de Coxsone
Dodd; a reedição de “Dancehall” (amputada, mas acompanhada pelo relançamento do
livro de fotografia de 2008 de Beth Lesser) celebra quem se lhe seguiu (Jammy, Sly
& Robbie, Winston Riley e Junjo Lawes) e superou.
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