Móvel, como o feriado da Páscoa, a Festa do Jazz do São Luiz
chega este ano mais cedo. E Carlos Martins, o seu diretor artístico, escorregando
em metáforas, não cabe em si de tanto que tem para dizer: “Estamos no fim de
uma curva que está a chegar a uma meta, a dos 15 anos!”, exclama. “Este ano e
pela primeira vez a Festa dura 5 dias e 5 noites”, “pela primeira vez a
abertura da Festa, a pré-Festa, é realizada exclusivamente com músicos de
outras partes da Europa, de Berlim”, “pela primeira vez teremos uma residência
internacional”, prossegue, contrariando uma tendência há muito entranhada em
apresentações deste tipo, a do infeliz que se cansa de pedir esmolas de luz por
terras de escuridão. Reclama inspiração “na vida e na mudança de vontades que
aconteceram recentemente em Portugal.” E também no seu último disco dedica um
tema “a quem liderou a mudança a 26/11/15”. É com essa música que sobe o pano
no Teatro São Luiz, na quinta, precisamente um dia depois do tal contingente
alemão ter inaugurado o certame com atuações na Escola de Música do
Conservatório Nacional. Já na sexta se destaca a presença do trio Kuára,
composto por instrumentistas que se aproximam do folclore com o zelo do
primeiro missionário a chegar a uma tribo remota. Sábado o vernáculo é mais familiar:
tocam grupos de Carlos Barreto, César Cardoso, Rodrigo Amado ou André Fernandes
e os coletivos LUME e TGB. Domingo é a vez de Slow is Possible, Cinema &
Dintorni (às voltas com Rota ou Morricone), do trio de João Paulo, da Big Band
do Município da Nazaré, e de conjuntos liderados por Susana Santos Silva e pelo
jovem acordeonista João Barradas, este com Greg Osby. Ao longo do fim de semana
tocam grupos de 16 escolas de música, muitos deles com vocalistas. Parece que
Portugal é o novo país das cantoras.
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