Em dois fins de semana, evadindo um
rapto quotidiano, volta o jazz a Portalegre para nova edição do JazzFest –
façam figas, a 13ª. E inicia-se, sexta, dia 11, com a voz da norueguesa Mari
Kvien Brunvoll, que canta como uma estrige e saca do embornal kissanges e kazoos, saltérios e teclados, pedais de efeitos e instrumentos de
percussão. Acompanha-a Stein Urheim. Juntos (na foto), têm um disco com um título tirado a
Bertrand Russell, sugerindo que a arte está de permeio entre as ciências exatas
e as ocultas. No sábado, chega o sazonado quarteto de Carlos Martins, outro que
crê que nenhuma música – nem ninguém – existe verdadeiramente a sós no mundo.
Num novo CD, o seu veludíneo tom erra por uma vaga ideia de sul, mais afetiva
que efetiva, e do jazz extrai a prática e a poética. A cada um destes concertos
segue-se uma atuação de Miguel Mira, Pedro Sousa e Afonso Simões, algo que se
comporta, num instante, como se a um pássaro alvoroçado se arrancasse a retriz
e, noutro, aparenta esvoaçar por rotas há muito definidas. Há um aroma panteísta
neste texto que se poderia aplicar a “Earth Blossom”, um histórico registo de John
Betsch, editado pela Strata-East. Pois é de Betsch, em trio, com Eric Revis e
Kris Davis, que se espera o mais belo momento do certame, sexta, dia 18. Já na
noite seguinte, avezado ao rock mas abordoado por muito mais, Chrome Hill
dispensa tais considerações. Em complemento a cada serão está o septimino Slow
is Possible, cuja denominação é contrariada por temas de andamentos
sezonáticos, tão estáticos quão logo movidos por uma vivacidade que mostravam não
poder possuir.
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