Como um ataque preventivo, ainda em
2015, a Erato lançou-lhe as obras completas na antologia “Tout Satie!” (10 CD).
Agora, com o sesquicentenário do compositor em curso, edita um mais sóbrio “The
Sound of Erik Satie” (3 CD), retrospetiva pianística, orquestral e camerística
em que, por sinal, se nota a ausência de “Sócrates”. Mas não há razão para
desespero, pois, através da Winter & Winter, por Barbara Hannigan e
Reinbert de Leeuw, há uma nova leitura da obra no mercado (célebre por ter
gerado o desabafo: “Dei-lhe o melhor de mim”). Já quem quiser compreender o
contexto em que Erik Satie (1866-1925) surgiu, e, quiçá, aquilo que Ravel
pretendia ao certo dizer quando, em 1911, ao dedicar-lhe uma soirée na Société Musicale Indépendante,
afirmou que as peças de Satie “surpreendem pela maneira em que antecipam o
vocabulário modernista”, pode entregar-se a “Erik Satie & Friends” (13 CD,
Sony), compilação que tem como falha principal excluir alguns membros do grupo
de Os Seis. Por sua vez, a Decca trata de reeditar esta integral da obra para
piano solo, de 2003, em cinco CD, acrescentando-lhe um apêndice em que se destacam
versões para piano a quatro mãos, por Pascal Rogé e Jean-Philippe Collard, de
“Três Trechos em Forma de Pera” e “Parada” e, ainda, para violino e piano,
“Coisas Vistas à Direita e à Esquerda (Sem Óculos)”, por Chantal Juillet e Rogé.
Mas é pelo que Jean-Yves Thibaudet faz
com “Gimnopédias”, “Cnossianas”, “Peças Frias”, “Antepenúltimos Pensamentos”, “Desportos
e Divertimentos” e “Noturnos” que se ganha novamente consciência da quase
obsessiva singularidade de Satie. Aliás, ouve-se esta caixa e logo vem à ideia aquela
comparação feita por Charles Koechlin, quando ele sugeria que Satie era como “O
Gato que Andava Sozinho”, de Kipling, sublinhando-lhe a “elegante agilidade”,
“a sobriedade e contenção dos movimentos”, “a precisão a brincar”, “a discreta
sensibilidade, capaz de iludir o senso comum” e, por fim e acima de tudo, a
“instintiva e absoluta independência”.
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