É um
conjunto de opúsculos que, em rigor, não faz propriamente falta no mercado. Aliás,
quando a Universal alargou ainda mais o cinto à sua já de si inchadíssima
integral, através dos 200 CD de “Mozart 225: The New Complete Edition”, a
monumental operação de dragagem que limpou arquivos a 18 editoras diferentes, lá
estão, à volta deles, Viktoria Mullova e a Orchestra of the Age of
Enlightenment, Giuliano Carmignola com Claudio Abbado e a Orchestra Mozart,
Anne-Sophie Mutter e a London Symphony Orchestra ou Hilary Hahn com Paavo Järvi
e a Deutsche Kammerphilharmonie Berlin. Claro que se poderia somar a tudo isto Itzhak
Perlman com James Levine e Gidon Kremer com Nikolaus Harnoncourt, ambos com a
Wiener Philharmoniker a seu lado, ou, naturalmente, Arthur Grumiaux com Colin
Davis e a London Symphony Orchestra.
Mas para se encontrar alguma afinidade com
o que Isabelle Faust e o Il Giardino Armonico de Giovanni Antonini agora
propõem seria melhor invocar as gravações de Thomas Zehetmair com a Orchestra
of the Eighteenth Century dirigida por Frans Brüggen. Por uma questão de
proporções, é certo (com ensembles a
rondar os 25 elementos), mas fundamentalmente pela ligeireza que daí advém,
pela rapidez de movimentos, pelo desembaraço, pela velocidade com que se reage
ao mais caprichoso, espontâneo e frívolo desta música sem por um instante lhe comprometer
o ímpeto pubertário, a força telúrica, a extravagância, a ambiguidade e o drama
que no seu íntimo se encontram. Não obstante, há momentos em que o tom de Faust
parece assoberbado: nos dois Adagio do “Concerto Nº 5 em Lá maior”, por
exemplo, em que os seus instintos se diriam vagamente anestesiados, quiçá por
sentir que não conseguiria igualar a coloratura
de “Soave sia il vento”, a ária de “Così fan tutte” em que, anos mais tarde,
estas tremeluzentes fusas ressurgiriam. Fora isso, honra perfeitamente o
carácter destes cinco concertos para violino que Mozart compôs aos 19 anos e
através dos quais foi progressivamente testando os seus limites. E em novas cadenzas, de Andreas Staier, chega mesmo
a apontar sentidos inusitados.
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