Há 20 anos ao lado de Branford Marsalis, foi
sobretudo pelos discos editados em nome próprio na última mancheia deles que
Eric Revis iludiu o parêntese: primeiro com “Parallax”, depois com “City of
Asylum” e “In Memory of Things Yet Seen” e por fim com “Crowded Solitudes”. E,
ainda que de modo assíncrono, envolvendo sempre o virtuoso trio de
instrumentistas que agora convoca: Ken Vandermark em palhetas, Chad Taylor à
bateria e Kris Davis no piano. Talvez por isso se note neste registo aquele
efeito de acumulação que resulta da descoberta de um lugar comum – para não
atribuir, já, o elevado valor do que aqui se escuta àquela combinação de
circunstâncias nada conforme ao costume contemporâneo que coloca continuamente
em contacto o coletivo de compositores. Isto, porque, não tanto por uma
cedência ao destino quanto pela sua superação, há algo de inelutável em “Sing
Me Some Cry” – os músicos com suficiente à-vontade entre si para experimentar
novas formas de conforto e desconforto.
E, no entanto, em virtude das vidas que
levam e da multiplicidade simultânea de grupos em que tocam, como tudo isto
depende da tolerância face às pertinências e impertinências de cada um!
Escrevia Vandermark, em abril, num post
de Facebook, a meio de uma digressão europeia em que surgia nos mais variados
registos: “O concerto [neste quarteto] revelou-se uma enorme surpresa, até
porque foi a primeira vez que tocámos de maneira totalmente improvisada. Foi
difícil de crer, porque senti o material espontâneo tão ‘composto’ quanto o
escrito, tal o extraordinário nível de comunicação e empatia entre os membros
da banda.” Entende-se o espanto perante tamanha coesão: na bagagem levavam
quatro dias de trabalho desenvolvido meio ano antes, precisamente por alturas
da gravação deste CD. “A Kris é inacreditável e com o Eric e o Chad estou a ter
um cheirinho do que seria tocar noite após noite com o Mingus e com o Richmond.
Não podia estar mais feliz”, concluía. Põe-se o disco a tocar e percebe-se
porquê.
Sem comentários:
Enviar um comentário