Em letra miúda, na última página de um livreto formado
por uma apresentação saída da pena de um jornalista muito pouco à vontade com
os factos (Robin Denselow, do “The Guardian”), lê-se: “Hugh Masekela gostaria
de agradecer a Steve Tolbert pela massa para o Zaire 74.” Trata-se da única
referência a Stephen A. Tolbert – à data, o Ministro das Finanças do executivo
de William R. Tolbert Jr., seu irmão, na Libéria – e, como é óbvio, através
deste lançamento, nada mais se fica a saber acerca do modo em que o certame se custeou.
Ou seja, os seus organizadores (Masekela e Stewart Levine, na foto) não tomam partido de
uma desatenção histórica para trazer a lume as jogadas de bastidores que
estiveram na origem do evento – esta é efetivamente a primeira edição de
algumas das extraordinárias atuações dos artistas africanos presentes neste
festival programado para anteceder o combate entre Foreman e Ali em Kinshasa, entre
21 e 23 de setembro de 1974. (Aliás, até há pouco tempo presumia-se que tivesse
saído tudo das mentes conturbadas de Don King e Lloyd Price.)
Nem, já agora, se
explica que os nomes dos pesos-pesados que aqui figuram (uns exemplares e
enérgicos Tabu Ley Rochereau, Abeti, Franco, Stukas e Miriam Makeba) não
representam completamente a alternativa autóctone à embaixada de
cabeças-de-cartaz norte-americana convocada para o efeito (James Brown, Bill
Withers, Spinners, Crusaders, Sister Sledge, etc.): além do de Masekela, claro,
faltam aqui os de Zaïko Langa Langa, Manu Dibango, Verckys, Papa Wendo ou Trio
Madjesi. Quanto ao desastroso resultado de bilheteira (“Poor box office”, lia-se no “The New York Times”, dias depois), não
há como ocultá-lo: quase não há palmas. É que, como se sabe, Foreman
lesionou-se (cf. esta odisseia nos
documentários “When We Were Kings” e “Soul Power”) e o combate foi adiado um
mês – ou seja, como alguém na altura terá dito, já não vieram ao festival os charters de Nova Iorque. Sorte dos
congoleses, que tiveram tantos bilhetes oferecidos para o dia de encerramento
que encheram o antigo estádio Rei Baduíno e empurraram a festa até às 6 da
manhã!
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