Há coisa de 60 anos que o jazz se
agarra com unhas e dentes ao verão, pelo menos desde a edição de 1958 do
festival de Newport, esculpida a cinzel no documentário “Jazz on a Summer’s
Day”. Claro que, hoje, para muitos, o estilo nada terá que ver com o estio, mas
é sintomático que se venha a Lisboa testar formas de sobreviver à época baixa.
É para a semana, na Conferência Europeia de Jazz, que traz concertos: Orquestra
Jazz de Matosinhos, Espen Eriksen Trio ou Bugge Wesseltoft no CCB, seguidos de
sessões fora de horas na Ler Devagar ou Hot Clube. É um modo de correr atrás do
prejuízo: não obstante a contradição burocrática, os agentes ao serviço do jazz
interessam-se mais por colocar perguntas do que por fornecer respostas. Alguns,
até, de maneira desarmante, como Darcy James Argue, cabeça-de-cartaz no Angra
Jazz (3 a 6 de outubro, na Terceira), em que se destaca ainda Gonzalo Rubalcaba
e Andy Sheppard, o mesmo que, três semanas depois, subirá ao palco do Seixal
Jazz (18 a 27) no trio de Carla Bley. Nas lojas, expectativas em redor do título
que reúne Andrew Cyrille, Wadada Leo Smith e Bill Frisell e que a ECM anuncia para
2 de novembro. Já na secção do lado aguarda-se as últimas sonatas de Beethoven
por Alexandre Tharaud, a transcrição para violeta das suítes para violoncelo
(de Bach) por Kim Kashkashian, a série dos 120 anos da Deutsche Grammophon e
“Alla Portugesa”, o disco de Andreas Staier com a Orquestra Barroca Casa da
Música que será apresentado em Lisboa, no Palácio Nacional de Queluz, dia 3 de
novembro, e no Porto, na Casa da Música propriamente dita, dias 4 e 6 – aí, outras
datas a ter em conta são as de Pedro Burmester (18.09), Artur Pizarro (29.09) e
Alfred Brendel (21.10). Na capital, ao vivo, coloque-se a ênfase na programação
da Gulbenkian, em que, para já, sobressaem Coro Gulbenkian (21.09, no Panteão),
Jordi Savall (24.09), Lorenzo Viotti (novo Maestro Titular) a dirigir Mahler (4
e 6.10), Kirill Gerstein (16.10) ou Arcadi Volodos (4.11).
Obrigatório
Peter Evans e Orquestra Jazz de
Matosinhos, Casa da Música (Porto, 25.11, 18h) e Culturgest (Lisboa, 28.11,
21h): Evans [na foto] tem um interesse necroscópico pela trompete mas nunca examinou uma
orquestra. Esperam-se concertos com o poder de levantar os mortos.
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