Termina este fim de semana, na Gulbenkian, a 31ª edição do "Jazz em Agosto" e é como se de
uma viagem no tempo se tratasse. Hoje, às 18h00, no Auditório 3, exibir-se-á
“Step Across the Border”, um retrato de Fred Frith filmado entre 1988 e 1990
por Nicolas Humbert e Werner Penzel. De tendência ensaística, é tão bem
sucedido a aventar uma ficção etnográfica à medida de uma metrópole quão
realizado é a documentar exercícios de cosmopolitismo em meios rurais. Ao
sobrepor uma mão cheia de participantes a contar para a câmara um famoso
paradoxo budista sugere uma magistral metáfora para a improvisação. Disso mesmo
se encarregarão Frith, Bill Laswell e Charles Hayward – os Massacre – às 21h30
no Anfiteatro ao Ar Livre. Ainda uma celebração do “aqui e agora” – conforme o
guitarrista disse ao Expresso, em entrevista publicada na semana passada –, não
deixará de lado o sabor amargo daquela energia que se podia comer à dentada ao
andar pelas ruas de Nova Iorque no início dos anos 80. Curiosamente, amanhã, às
18h00, quando se projetar no Auditório 3 a gravação do concerto que Terje
Rypdal veio dar ao festival em 1985, é outro power trio que se evocará, e é outra razia às tipologias musicais
que se fará. Tudo sintoma de uma era em que Marco Barroso estaria como peixe na
água. O seu L.U.M.E. – Lisbon Underground Music Ensemble encerrará o certame –
amanhã, às 21h30 no Anfiteatro ao Ar Livre – e consigo, além de um acrónimo
francamente sugestivo, virão estruturas ingénuas e engenhosas, com algum
perigo, ruído e propósito, como um metropolitano a atravessar estações à hora
de ponta.
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