7 de janeiro de 2017

2017



Numa das suas últimas edições de 2016, saía no “The New York Times” um artigo sobre o futuro do jazz redigido a propósito de uma recém-criada chancela que prevê a produção de discos físicos em tiragens limitadas a 500 cópias. Será, portanto, com alguma amargura que ao longo de 2017 se recordarão os 100 anos de uma efeméride que marcou a saída do jazz da esfera paroquial: a sua primeira gravação comercial, realizada pela Original Dixieland Jass Band em fevereiro de 1917. Daí não se saber de antemão a que facto da vida de um dos seus precursores, Scott Joplin, se dará agora mais importância: se ao sesquicentenário do seu nascimento, se ao centenário da sua morte. Seja como for, se ainda tiver alguma coisa no tanque, a indústria desviará as atenções para Ella, Monk e Dizzy. Tivessem vivos, chegariam aos 100! Enfim, traumas que o mundo da música clássica superou há muito, nem que seja por elevar continuamente a potência transformativa daquilo que a constitui. Nessa perspetiva, a metáfora da água como símbolo de transitoriedade e permanência é fácil de engolir: 2017 marca os 300 anos da “Water Music”, de Handel, e dia 1 de abril Hélène Grimaud toca “Water” na Gulbenkian. Aliás, na sala lisboeta mais vale falar-se de um maremoto: a onda de concertos inclui Mitsuko Uchida (15/01), Yulianna Avdeeva (19 e 20/01), András Schiff (12/02), Alisa Weilerstein (16 e 17/02), Yuja Wang (9/04), Jordi Savall (13/04), Gidon Kremer (17/04) e Grigory Sokolov (23/04)! A 25 de abril o russo segue para a Casa da Música, anfitriã de um primeiro trimestre cujo impacto retórico será testado sob a égide do “Ano Britânico”. Harrison Birtwistle é Compositor em Residência e já dia 20 faz o Porto tremer com “Earth Dances”. Atenção ainda aos programas do coro dirigido por Paul Hillier e a duas obras de arrepiar antes da Páscoa: “Stabat Mater” e “Via Sacra”, de James Dillon.

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