A acompanhar a receção crítica às suas
mais inusuais formações, no jazz contemporâneo é normal impor-se um ponto que se
propõe disputar a acracia que lhes é implícita e se resume nestes termos: é
essencialmente subversiva ou apenas dispersiva a energia que da sua dinâmica
resulta? Isto é, a insólita disposição dos seus elementos é mais uma das suas
marcas de distinção ou será a única? Tony Malaby, que surge aqui à frente de um
conjunto em que se une a um tubista (Dan Peck), a um violoncelista (Christopher
Hoffman) e a um baterista (John Hollenbeck), e conforme se depreende pelo modo
em que arruma o assunto, nunca quis tornar uma questão acessória da outra: “Há
um contínuo mistério no som da tuba: de onde vem, qual a sua origem, em que lugar
se situa na esfera de ação do grupo. [Possui] uma dimensão de que gosto muito.”
Aliás, não seria aos 50 anos que substituiria uma convenção por outra. Na
verdade, e independentemente da maneira em que se apresenta, a sua produção
permanece extraordinariamente avessa a fórmulas. Quanto muito – e o título
deste seu disco, só na aparência acerbo, ao inspirar-se por uma criança que
adora chupa-chupas de escorpião parece apontar nesse sentido – utiliza-a para
assinalar preconceitos a que jamais adere. Ou seja, não é por partilhar a
instrumentação que, não há muito, Dave Douglas reuniu em “Mountain Passages”
ou, há um pouco mais, e também excluindo o trompete, Arthur Blythe acomodou em
“Metamorphosis”, que dos dois se irá aproximar. Até porque, acre e doce e
obtusa e aguda e venenosa e sadia, esta é uma música imune ao cinismo.
Simplesmente é.
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