Após edições de calendarização menos alegórica, concilia-se o
“JazzFest”, de Portalegre, com a energia primaveril que anualmente intoxica as
agendas e enlouquece os sentidos. É assim apropriado um ato preambular: a
atuação (primeiro, fora do âmbito do festival, dia 19, na Culturgest, em
Lisboa, e, depois, já no Alto Alentejo, no dia 20) de um renovado quinteto do
contrabaixista Michael Formanek – com Tim Berne, Brian Settles, Jacob Sacks e Dan
Weiss – cuja designação se inspira num tema de Hank Williams em que se associa
o fim de um ciclo amoroso aos humores do inverno. Mas a provar que a vida
continua, eis o quarteto de Ricardo Toscano (com Diogo Duque, Romeu Tristão e
João Pereira) escalonado para uma sessão “after hours” na noite de sexta-feira
(repete sábado) e o trio de Chris Speed (com Chris Tordini e Dave King), dia
21, finalizando o fim de semana inaugural de concertos no CAEP. A ação será retomada
na sexta, dia 27, com um interessante quarteto que reúne o guitarrista André Matos
e o saxofonista Tony Malaby (acompanhados por Demian Cabaud e André Sousa
Machado) a que se seguirá, com repetição na noite seguinte, uma apresentação do
não menos curioso Deux Maisons (na foto: o encontro do trompetista Luís Vicente e do
baterista Marco Franco com os irmãos Théo e Valentin Ceccaldi, recentemente
celebrado no CD “For Sale”). Já agora, sim, há discos da entidade organizadora,
a Clean Feed, à venda durante o certame, mas nessa matéria ninguém sairá de
mãos a abanar: cada ingresso dá direito a um CD. O final do “JazzFest” será
para estafeteiros: sábado, dia 28, a pianista eslovena Kaja Draksler toca um
solo (o seu CD de 2013 ia de Cage a Jarrett num abrir e fechar de olhos) e um
dueto com a trompetista e fliscornista Susana Santos Silva. Esta, por sua vez,
irá juntar-se ao trio De Beren Gieren (o recente “The Detour Fish documenta
essa articulação luso-flandrina), que também tocam sem a convidada. De seguida,
quase todos partem rumo à capital para a Festa do Jazz do São Luiz.
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