Na zona de Tombuctu, o ataque a uma
coluna militar do exército maliano por um grupo separatista tuaregue resulta em
oito mortos. Já em Hamdallahi, militantes jiadistas destroem um mausoléu selecionado
para a candidatura a Património da Humanidade. Em Gao, Kidal e Bamako,
atentados terroristas de afiliados da Al-Qaeda fazem vítimas entre civis e
agentes ao serviço das Nações Unidas. Isto apenas nas últimas semanas. Neste
contexto, outra coisa não pode Bassekou Kouyaté fazer senão servir de exemplo.
Ele que, há coisa de dois anos, em entrevista ao Expresso, dizia que a solução
para os problemas do Mali eram os músicos que a tinham. “Nós, que somos como um
país à parte, andamos a falar nisto há séculos”, afirmava, referindo-se a algo
que, agora, em ‘Abe Sumaya’, sintetiza assim: “Mali/ Onde vive o islão e a
tolerância// Tínhamos ouvido falar de guerras no exterior, mas não conhecíamos
conflitos/ Por isso, homens, mulheres, jovens e velhos, deem as mãos em sinal
de unidade”. Talvez por essa razão, como quem sugere que é sempre possível
chegar-se a um entendimento mesmo quando quase nada se possui em comum, goze este
“Ba Power” de uma lista de convidados que se assemelha à de uma cimeira
internacional. Nessa perspetiva, presume-se que nomes como os de Jon Hassell,
Chris Brokaw e Dave Smith tenham chegado pela mão de Chris Eckman, o diretor
artístico da Glitterbeat, que, por sinal, toca hoje em Alcobaça e faz
atualmente por músicos africanos o que, quando vivia na Calçada da Estrela,
tentou um dia fazer pelos Raindogs. Se o disco resulta ainda há esperança para
os acordos de paz.
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