23 de maio de 2015

Jon Hassell/Brian Eno “Fourth World Vol. 1: Possible Musics” (Glitterbeat, 2015) & Dave Douglas “High Risk” (Greenleaf, 2015)




Atrasado um, adiantado o outro, ditam as extraordinárias vicissitudes do mercado português que “Possible Musics” (o LP original é de 1980, esta reedição é de novembro passado) e “High Risk” (com data oficial de lançamento anunciada para 23 de junho) aterrem nas lojas nacionais em simultâneo. E, escutando-os, é inevitável recordar-se a seguinte frase: “Devo muito ao Jon. Aliás, muita gente deve muito ao Jon. Ele plantou uma semente forte e fértil cujos frutos continuam a ser colhidos.” Foi Brian Eno que a escreveu, em novembro de 2007, por altura de um concerto de Hassell em Londres. Agora, dir-se-ia que assenta que nem uma luva à nova banda de Dave Douglas com Zach Saginaw (Shigeto), ainda que um cínico possa sugerir que os dois discos não possuem mais em comum do que aquelas imagens de satélite cedidas pela NASA que lhes ilustram as capas. Seja como for, é improvável que Douglas rejeite hoje o axioma de ontem: “Quarto Mundo, ou seja, o que está para lá do Terceiro Mundo – um som primitivo/futurista que combina elementos etnográficos com tecnologia eletrónica de ponta. Na sua máxima expressão, este cruzamento de influências cria a impressão de um som novo e unificado.” Isto redigiu Hassell há 35 anos. Douglas pode ter mais em mente Brooklyn do que o Burundi, mas assina por baixo.

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