Atrasado um, adiantado o outro, ditam
as extraordinárias vicissitudes do mercado português que “Possible Musics” (o LP
original é de 1980, esta reedição é de novembro passado) e “High Risk” (com
data oficial de lançamento anunciada para 23 de junho) aterrem nas lojas
nacionais em simultâneo. E, escutando-os, é inevitável recordar-se a seguinte
frase: “Devo muito ao Jon. Aliás, muita gente deve muito ao Jon. Ele plantou
uma semente forte e fértil cujos frutos continuam a ser colhidos.” Foi Brian
Eno que a escreveu, em novembro de 2007, por altura de um concerto de Hassell
em Londres. Agora, dir-se-ia que assenta que nem uma luva à nova banda de Dave
Douglas com Zach Saginaw (Shigeto), ainda que um cínico possa sugerir que os dois
discos não possuem mais em comum do que aquelas imagens de satélite cedidas
pela NASA que lhes ilustram as capas. Seja como for, é improvável que Douglas
rejeite hoje o axioma de ontem: “Quarto Mundo, ou seja, o que está para lá do
Terceiro Mundo – um som primitivo/futurista que combina elementos etnográficos
com tecnologia eletrónica de ponta. Na sua máxima expressão, este cruzamento de
influências cria a impressão de um som novo e unificado.” Isto redigiu Hassell
há 35 anos. Douglas pode ter mais em mente Brooklyn do que o Burundi, mas
assina por baixo.
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