Andreas Staier
(crv), Freiburger Barockorchester
Desde os idos de Gustav Leonhardt e
do seu ensemble barroco ou de Trevor
Pinnock e do English Concert (inesquecíveis, os conteúdos de uma caixa que a
Archiv lançou em 1981), que uma leitura deste repertório (BWV 1052 a BWV 1058)
em instrumentos de época não gerava tamanhos prodígios. Aliás, nos últimos 15
anos só o Café Zimmermann deles se acercou, embora, em rigor, tenha ainda a
integral por completar. O que é o mesmo que dizer que Andreas Staier esteve
próximo de resgatar novamente para o cravo estes sete concertos que, de certa
forma, permanecem desde Glenn Gould sob jurisdição quase exclusiva de
pianistas. Ou seja, não obstante daí poderem resultar experiências inusitadas,
a verdade é que só pelo piano têm passado as suas interpretações
paradigmáticas. O que, por uma série de razões, faz com que entre os egrégios
antecessores do cravista alemão, em retrospetiva, não haja um que não pareça
estar a pisar um terreno algo instável à medida que os vai tocando. Igualmente
movediças são, no ramo da musicologia, as arregimentações académicas em seu
redor: derivam todos eles, ou não, de modelos anteriores compostos para
instrumentos melódicos? Vêm do tempo em que Bach estava em Cöthen? Ou são
oriundos da altura em que reapareceu a reger o Collegium Musicum, em Leipzig? Ouvindo
este CD dir-se-ia que Staier tem dois propósitos: inventar um novo padrão e
aventar velhas teorias. E quando tem algo a provar nas duas frentes (ex.: que o
“Concerto para Cravo, Cordas e Contínuo Nº 1 em Ré menor”, BWV 1052, não possui
precedente num concerto para violino) mostra-se ainda mais convincente.
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