Que
não no que concerne à necessidade diária de assimilar os ditames de outra constituição
provisória, da Tailândia cada vez menos se sabe. Ou seja, nem a possibilidade
de se apegar aos valores da rotina é permitida àqueles que se vão habituando a medir
pela extensão da própria sombra o limite da liberdade. Isto, enquanto se vai
consecutivamente estendendo e dilatando o calendário das próximas legislativas.
Terá tudo a ver com a estirpe da doença do sono que Apichatpong Weerasethakul acaba
de diagnosticar noutra das suas alegorias para o grande ecrã. Originária da
região de Isan, como o cineasta, e dona de uma voz que se diria destinada a
habitar as mais oníricas sequências dos seus filmes, contra outra coisa nunca
cantou Hongthong Dao-udon. Ela que chegou a cumprir pena, em 2010, por,
alegadamente, ter promovido no seu programa de rádio as inclinações
democráticas dos ‘camisas vermelhas’. Chega, portanto, em boa hora esta
antologia consagrada ao seu alvor discográfico (de meados a finais de 70), apenas
traída por uma versão que a data de modo letal: a daquela ‘A-Ba-Ni-Bi’ que, em
1978, com os Alphabeta, Izhar Cohen levou ao concurso Eurovisão da Canção.
Porque, lá está, a verdade é que um item tão exótico desvirtua uma compilação
que, tendo em conta o normal em Banguecoque, nem é particularmente omnívoma. Pelo
contrário, pela mão do produtor Doi Inthanon, num espaço ambíguo entre as
tradições do molam e do luk thung,
o que aqui se ouve redefiniu o papel da mulher no contexto da música moderna
tailandesa, empurrando para mais longe um horizonte que hoje se torna a encurtar.
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