Lane quase que abre demasiado o
jogo, nas notas de apresentação, referindo Duke, Mingus, Muhal ou Parliament. Ao
introduzir ‘Ashcan Rantings’, incorpora na sua exposição ao contrabaixo os
nomes de Jimmy Blanton, Richard Davis ou Bootsy Collins. Com orgulho
proletário, menciona ainda os de James Jamerson e Carol Kaye. Soa, por vezes,
mais convincente do que aquilo que na realidade é. Mas há muito que não surgia
um octeto, assim, apto em ir de “Birth of the New Cool” (Sonny Criss, com arranjos
de Horace Tapscott) até, digamos, a “Ming” (David Murray), ficando apenas a
dever ao nível da capacidade de síntese e da agilidade nas dinâmicas. Ilustra um
namoro de verão com formas canónicas – trazendo à memória Don Ellis – e possui fundações
edificadas a partir de robustas linhas de baixo que não destoariam num álbum de
Graham Collier. Cada um dos seus solistas comanda atenções como uma avioneta a
sobrevoar praias. Já Martin Küchen, à frente de nove executantes, redige no livreto qualquer coisa
com a pertinência de uma bula num genérico. No seu pior, lembra o que fariam
Archie Shepp, Gato Barbieri ou Carla Bley com as compilações “Éthiopiques” no
gira-discos. Mas também põe a descoberto uma beleza a todos os níveis
planificada que praticamente desapareceu do jazz de hoje.
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