Andava
há uma década desaparecida, mas eis que regressa a catálogo a reedição em CD do
álbum de 1975 do Tamba Trio. E volta sem cerimónia, fac-similada da anterior,
com o azul celeste da capa original inexplicavelmente substituído pela fúcsia e
um livreto melancolicamente vazio. Quem tropeçar na sua mensagem sem aviso
prévio não a reconhecerá por aquilo que é – uma forma de estremecer com poesia
os alicerces do mundo – nem ficará a saber que chega exatamente quando um dos
seus obreiros se foi – Hélcio Milito, falecido em junho. Mas é possível que,
assim, de viés, faça justiça à memória daqueles – Milito e Luiz Eça e Bebeto
Castilho – cuja história se fez de encontros e desencontros, demasiado colada à
vida. Ainda que em 1983, a “O Globo”, Eça tivesse dito: “Nunca houve conflito pessoal entre nós. Houve o insucesso comercial de
nosso terceiro disco, que não teve um lançamento adequado, e um desacordo
quanto aos novos caminhos a seguir. Por isso, resolvemos nos separar; nada de
brigas.” Mas a verdade é que só aqui e em “Tamba”, de 1974, e após três
formações distintas em outros tantos países, se reuniu a banda de “Avanço” ou
“Tempo” – aquela a que a Soul Jazz se dedicou em 2012, e que era, então, tanto
a mesma quanto, no espaço de dez anos, uma pessoa se consegue manter igual a si
própria. Por essa razão, talvez, quando comparado a algo que se lhe equivale –
por exemplo, a “Azimüth”, de Bertrami, Conti e Malheiros – surja este registo mais
marcado pelo passado do que pelo futuro, estranhamente fora de sítio, perfumado
pela
saudade. Participaram Toninho Horta, João Bosco, Danilo
Caymmi ou Ivan Lins. O trio desfez-se no mesmo ano.
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