13 de setembro de 2014

Tamba Trio (Sony, 2014)



Andava há uma década desaparecida, mas eis que regressa a catálogo a reedição em CD do álbum de 1975 do Tamba Trio. E volta sem cerimónia, fac-similada da anterior, com o azul celeste da capa original inexplicavelmente substituído pela fúcsia e um livreto melancolicamente vazio. Quem tropeçar na sua mensagem sem aviso prévio não a reconhecerá por aquilo que é – uma forma de estremecer com poesia os alicerces do mundo – nem ficará a saber que chega exatamente quando um dos seus obreiros se foi – Hélcio Milito, falecido em junho. Mas é possível que, assim, de viés, faça justiça à memória daqueles – Milito e Luiz Eça e Bebeto Castilho – cuja história se fez de encontros e desencontros, demasiado colada à vida. Ainda que em 1983, a “O Globo”, Eça tivesse dito: “Nunca houve conflito pessoal entre nós. Houve o insucesso comercial de nosso terceiro disco, que não teve um lançamento adequado, e um desacordo quanto aos novos caminhos a seguir. Por isso, resolvemos nos separar; nada de brigas.” Mas a verdade é que só aqui e em “Tamba”, de 1974, e após três formações distintas em outros tantos países, se reuniu a banda de “Avanço” ou “Tempo” – aquela a que a Soul Jazz se dedicou em 2012, e que era, então, tanto a mesma quanto, no espaço de dez anos, uma pessoa se consegue manter igual a si própria. Por essa razão, talvez, quando comparado a algo que se lhe equivale – por exemplo, a “Azimüth”, de Bertrami, Conti e Malheiros – surja este registo mais marcado pelo passado do que pelo futuro, estranhamente fora de sítio, perfumado pela saudade. Participaram Toninho Horta, João Bosco, Danilo Caymmi ou Ivan Lins. O trio desfez-se no mesmo ano.

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