Quando
Günter Gretz lhe reeditou “Taximen” na Popular African Music, em 2005, não
imaginava que depois de ter andado anos à procura de um disco raro ainda teria
de perder tempo à cata de palavras. Mas assim foi, apresentando o LP que
grassava pelas pistas de dança de Abijão, e não só, em finais da década de 70,
como um cadinho cultural em que cabia “uma espécie de reggae” ou “um tipo de beguine”. Por isso, na sua Oriki, ao
dedicar-lhe em 2008 uma antologia que fizesse jus à sua história, veio Greg de
Villanova a apelidá-lo de “Señor Eclectico”. Amadou Balaké abandonou cedo o
Burquina Faso para uma fase de tirocínio enquanto percussionista nos Ambassadeurs
du Motel, no Mali, ou nos Balladins, na Guiné. E mesmo que, já de regresso a
casa, tivesse granjeado reputação ao ver-se promovido a vocalista nos Les 5
Consuls ou L’Orchestre Super Volta (“Ouaga Affair”, na Savannahphone, e
“Bambara Mystic Soul”, na Analog Africa, retratam essa época) era impossível ignorar
o perfume da sua passagem pela Orquesta Broadway, em Nova Iorque. Curiosamente,
estes agentes que se empenhavam em descobrir o seu passado pareciam desconhecer
o seu presente, conquanto lhes bastasse pôr a tocar os últimos CD dos Africando
para logo darem por ele. E a verdade é que a sua real importância se aprecia
melhor pelo que fez agora do que pelo que fez antes. Amadou Traoré (‘dito
Balaké’, como se notabilizou pelo mundo) faleceu em Uagadugu a 27 de agosto de
2014. “In Conclusion” é o seu testamento e, no fundo, o paradoxal testemunho
daquele que, afinal, nunca se deixou imergir inteiramente nas suas influências.
Sem comentários:
Enviar um comentário