19 de setembro de 2015

Lutoslawski: Piano Concerto; Symphony Nº 2 (Deutsche Grammophon, 2015)




Krystian Zimerman (p), Berliner Philharmoniker, Simon Rattle (d)
Passou 2013, ano do centenário de nascimento de Lutoslawski, e, no que concerne a edições em CD, pode dizer-se que tudo permaneceu calmo na frente ocidental. Houve uma caixa com a obra orquestral, concertante e coral completa na Naxos, é certo, mas nem aí, nem na integral sinfónica às mãos de Esa-Pekka Salonen, por exemplo, se deu por qualquer qualidade distintiva. Ou melhor, uma frase se destacou na antologia organizada pelo maestro finlandês, quando associava às sinfonias a “beleza de um organismo vivo, uma árvore ou quiçá uma floresta”. Nas notas com que há dois anos apresentou este programa, que agora a DG publica, Rattle recorreu a outra metáfora, sustentando que, sob uma camada praticamente aristocrática de verniz, o compositor era como “um vulcão adormecido”. Talvez por isso soe esta versão do “Concerto para Piano” mais teatral do que aquela que o próprio Lutoslawski há um quarto de século dirigiu. Aliás, Zimerman, que, então, a estreou enquanto dedicatário, parece levar aqui mais à letra um desabafo do polaco, que disse andar nesta peça “em busca do seu Chopin pessoal”. Está, assim, mais seguro quanto ao anacronismo dos seus gestos. O que, por outro lado, o desinibe em tudo o que disso se distancie. Também Rattle sugere ter presente que piano e orquestra devem lembrar “fios contrastantes que se entrelacem como os elos de uma corrente”. Espírito que transfere para a segunda sinfonia, de meados de 60, e estende gradualmente a Zimerman e a todos os instrumentistas. Ouve-se e entende-se o que Lutoslawski afirmava: que na altura detonou um barril de pólvora dentro de si.

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