Krystian Zimerman (p), Berliner Philharmoniker,
Simon Rattle (d)
Passou 2013, ano do centenário de
nascimento de Lutoslawski, e, no que concerne a edições em CD, pode dizer-se
que tudo permaneceu calmo na frente ocidental. Houve uma caixa com a obra orquestral,
concertante e coral completa na Naxos, é certo, mas nem aí, nem na integral
sinfónica às mãos de Esa-Pekka Salonen, por exemplo, se deu por qualquer
qualidade distintiva. Ou melhor, uma frase se destacou na antologia organizada
pelo maestro finlandês, quando associava às sinfonias a “beleza de um organismo
vivo, uma árvore ou quiçá uma floresta”. Nas notas com que há dois anos apresentou
este programa, que agora a DG publica, Rattle recorreu a outra metáfora,
sustentando que, sob uma camada praticamente aristocrática de verniz, o
compositor era como “um vulcão adormecido”. Talvez por isso soe esta versão do
“Concerto para Piano” mais teatral do que aquela que o próprio Lutoslawski há
um quarto de século dirigiu. Aliás, Zimerman, que, então, a estreou enquanto
dedicatário, parece levar aqui mais à letra um desabafo do polaco, que disse andar
nesta peça “em busca do seu Chopin pessoal”. Está, assim, mais seguro quanto ao
anacronismo dos seus gestos. O que, por outro lado, o desinibe em tudo o que
disso se distancie. Também Rattle sugere ter presente que piano e orquestra
devem lembrar “fios contrastantes que se entrelacem como os elos de uma
corrente”. Espírito que transfere para a segunda sinfonia, de meados de 60, e
estende gradualmente a Zimerman e a todos os instrumentistas. Ouve-se e entende-se
o que Lutoslawski afirmava: que na altura detonou um barril de pólvora dentro
de si.
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