Está
quem a ouviu a refazer-se do susto que foi descobrir de uma assentada a integral
discográfica de Lijadu Sisters (na Knitting Factory) e William Onyeabor (na Luaka
Bop) e eis que se anuncia nova revelação nigeriana. Logo quando, por aí, se
diria reposta a normalidade, com a reedição de um álbum de Jake Sollo (na Africa
Seven) a passar quase despercebida e com uma distinção congressional
norte-americana a Fela Kuti, emitida em julho, a oficializar o processo de burocratização
do afrobeat. Isto comparando a uma
realidade muito recente, em que pelos escaparates se acotovelavam antologias com
música desse tempo em que, como dizia a canção de Caetano, em Lagos custava
tudo ‘Two Naira Fifty Kobo’. Mas entre dezenas de pletóricas compilações só
numa se dá pelo nome de Mary Afi Usuah (que viria a falecer, algo esquecida, em
2013): na versão em vinil de “Nigeria Special: Modern Highlife, Afro Sounds
& Nigerian Blues” que a Soundway lançou em 2010. Certo: colecionadores da
Cinevox conhecê-la-ão por um punhado de temas que gravou em Roma, entre os anos
60 e 70, quando, estudando ópera na Accademia di Santa Cecilia, se entregava de
dia ao sagrado e de noite ao profano, e cultores da ‘série b’ lembrá-la-ão como
a voz de “Ed ora… Raccomanda l'anima a Dio”, de
Demofilo Fidani, o “Ed Wood do spaghetti
western”. Mas, enfim: soou
o clarim da unificação nacional e Mary tornou a casa. Em 1975, já dedicada ao
ensino e acompanhada pela banda de Dan Satch, deixou para a posteridade este irrepreensível
e elegante LP em que leva para bem longe uma música habituada a uma visão
regional do mundo.
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