5 de dezembro de 2015

Martha Argerich “The Complete Recordings on DG” (Deutsche Grammophon, 2015)



Prossegue a Universal a ativação de parte significativa do seu arquivo no que concerne intérpretes de exceção. E se desta feita não se pode dizer que venha assinalar uma efeméride em particular, tudo é tão extraordinário em Martha Argerich que sobram invariavelmente razões para justificar qualquer antologia que lhe seja dedicada. Pode, então, considerar-se que esta integral de gravações para a DG e para a Philips vem celebrar o 65º aniversário do primeiro registo da pianista; ou recordar, quiçá, que foi há seis décadas que venceu a Competição Internacional Chopin; ou, até, que se passaram 40 anos desde a edição de obras-primas como aquelas em que sujeitava ao seu encanto o “Gaspard de la Nuit”, de Ravel, ou a “Sonata Nº2” de Chopin; e que foi exatamente há 30, após um precoce afastamento da atividade de solista, que se iniciou a publicação de bem-aventuradas parcerias com Kremer e Maisky (que a conduziriam às sonatas de Beethoven, claro, mas também, e memoravelmente, às de Bartók, Janácek e Prokofiev). Com Abbado tem um inolvidável “Concerto para Piano e Orquestra Nº1”, de Tchaikovsky, e com Kovacevich tem uma “Sonata para Dois Pianos e Percussão”, de Bartók, que lembra o que o norte-americano disse um dia a seu respeito: “Se Mercúrio tocasse, soaria como ela”. E a solo, dos “Prelúdios” de Chopin à “Kreisleriana” de Schumann, traz à memória um depoimento seu à revista “Fono Forum”: “Ninguém sabe o dia de amanhã. Aliás, eu nem sei o que é que vou estar a fazer daqui a dez minutos. Por isso não levo nada disto a sério. Menos quando toco piano. Aí fico completamente possuída.”

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