No
que diz respeito à narrativa Studio One, depois dos muitos que deu já em
frente, dir-se-ia que a Soul Jazz dá agora o proverbialmente necessário
passo atrás. Aliás, mal surgiu o anúncio desta antologia foi num não menos popular
rifão de Marcus Garvey que se pensou: “Um povo que não conhece a sua história e
não valoriza o seu passado é como uma árvore sem raízes.” Ou seja, no plano de
lançamentos da editora britânica, “Coxsone’s Music” pode ter chegado após
aquela inaugural sequência de ações perfeitamente descrita em “Studio One Jump
Up: The Birth of a Sound, Jump Up Jamaican R&B, Jazz and Early Ska”, de fevereiro
último, mas os acontecimentos que vem relatar são os que imediatamente a
precederam. Daí o seu rigoroso subtítulo: “The First Recordings of Sir Coxsone
The Downbeat 1960-62”, quando se sabe que Clement “Sir Coxsone” Dodd só em 1963
fundou o estúdio e editora Studio One. Esperar-se-ia, apenas, que a prosa sobre
os materiais aqui reunidos fosse mais coalescente com a dos factos que
culminaram na independência da Jamaica, promulgada precisamente a 6 de agosto
de 1962 – assunto de todo ausente das notas de apresentação que compõem parte
significativa das 28 páginas do livreto. Pois aquilo que cantavam Clancy Eccles
em ‘Freedom’ ou Basil Gabbidon em ‘Independent Blues’ ganharia assim densidade
dramática, para não falar da acuidade de que, nesse contexto, se revestiriam as
bíblicas ruminações de Jiving Juniors em ‘Over the River’ ou, novamente, de
Eccles em ‘River Jordan’. Porque Coxsone mais não fez que conduzir a música
jamaicana a um terreno fértil em milagres.
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