De Lupu, há uns dez anos, iam
saindo genéricos como “… Plays Brahms”, “… Plays Schubert”, “… Plays Beethoven”,
com a Decca a marcar passo até que o romeno se decidisse por voltar aos originais.
Quando as suas reticências se prolongaram, a editora reagiu lançando as lapidares
“Complete Decca Solo Recordings” e “Complete Decca Concerto Recordings”. Agora
que se cumpriram duas décadas sobre a sua última ida a estúdio, o pianista entra
no clube dos septuagenários (depois de Argerich, Pollini, Barenboim, Pires ou
Freire, contemporâneos seus com que foi sendo comparado) e a etiqueta mostra que
nunca o chegou a remover do altar, reunindo efetivamente as suas gravações completas.
Aqui estão, portanto, os seus discos com Barbara Hendricks produzidos para a Warner,
bem como os que, a quatro mãos, dividiu com Barenboim na Teldec e com Perahia na
CBS, a somar, então, aqueloutros, mais emblemáticos, que registou de 1970 a
1993 para a chancela britânica. Entre esses, não obstante a excelência da sua integral
de sonatas para violino e piano de Mozart com Szymon Goldberg e o inultrapassável
brilhantismo do LP dedicado às de Debussy e Franck que partilhou com Chung, é
enquanto solista e a solo que se destaca: no terceiro concerto de Beethoven
(com Mehta e a Filarmónica de Israel), quase perigosamente refinado, nas sonatas
de Schubert (tanto o dos estados de espírito mais inacessíveis quanto o das
emoções à flor da pele), nas coleções do insólito de Schumann (“Cenas da Infância”
e “Kreisleriana”) e nos derradeiros opúsculos de Brahms, música que mergulhou na
escuridão que vivia dentro de si.
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