Kim Kashkashian (va), Sarah Rothenberg (p), Steven Schick (perc),
Houston Chamber Choir, Robert Simpson
(d)
No livreto, a pianista Sarah
Rothenberg – que, em 2011, concebeu este programa (em que a obra titular de
Feldman é acompanhada pelas “Três Gnossiennes”, de Satie, ou por “In a
Landscape”, de Cage) para assinalar o 40º aniversário da abertura da Capela
Rothko – introduz a história assim: “O casal de colecionadores de arte John e
Dominique de Ménil encomendou ao pintor Mark Rothko um conjunto de murais para
uma capela não-denominacional em Houston.” Está certo. Mas há uma frase de
Feldman, comissionado pelos mesmos de Ménil a compor uma peça em memória do
malogrado amigo (suicidado um ano antes de acabarem as obras), que diz mais
quanto ao espaço e à peça em si: “É um local espiritual em que homens e
mulheres de todas as fés, ou de fé nenhuma, podem meditar em solidão.” Está nas
“Collected Writings”, uma antologia de escritos seus em que se leem coisas tão
prodigiosas quanto estas: “O conceito de liberdade foi melhor entendido por
alguém como Rothko, que era livre de fazer uma só coisa – um Rothko – e o fazia
repetidamente” ou “Pensamos em Rothko como alguém que veio simplificar o
problema da pintura sem perceber que veio acrescentar-lhe outra complicação” ou
“Enquanto outros nos obrigam a saltar para a abstração de maneira a ter a
experiência da pintura, Rothko pede-nos que dela saiamos”. Nesta superior
interpretação, tudo isto dá forma à meia hora de “Rothko Chapel”, na qual se encontra
o pudor que está nas telas, com aqueles vestigiais tons do avesso, mas também a
engenhosa funcionalidade que as transforma num testemunho para as assombrações
que moram em quem as contempla.
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