Naquela
que fica para a história como a mais ambiciosa coleção fonográfica jamais consagrada
ao compositor e multi-instrumentista ganês Emmanuel Tettey Mensah (1919-1996),
“King of Highlife Anthology” reúne 69 miniaturais temas ao longo de cerca de 200
monumentais minutos. Ou seja, não só inclui integralmente os conteúdos que
entre meados de oitenta e inícios de noventa a própria RetroAfric coligiu num par
de compilações já de si essenciais, como significativamente os expande,
conferindo, até, um sentido superior àquilo que, noutro contexto, dificilmente
ultrapassaria o estatuto que por norma se concede às curiosidades. Presume-se,
então, que não ficou 78 rotações por minuto por virar no arquivo sonoro da
Biblioteca Nacional do Reino Unido. O que, no escopo de uma carreira que se
estendeu à era do LP, é o mesmo que dizer que o retrato que por ora se proporciona
não é inteiramente panorâmico. Para dar um exemplo do mundo do cinema, não se
faz, agora, como se fez em “O Padrinho: Parte II”, que foi tanto prequela
quanto sequela: isto é, do ponto em que a narrativa ficou, aqui só se anda para
trás. E nada de substancial se perde por tal decisão, pois a produção de E. T. Mensah
atingiu efetivamente o seu zénite nas décadas de 50 e 60, quando, em Acra,
conquistar a liberdade e a felicidade com uma canção era como transferi-las para
a vida de quem a cantava. Mas muito mais incorporou o trompetista no vernáculo:
há calipsos e congas e sambas e suingues nestes discos, estilos de que
aparentava reter unicamente o que lhe seria congenial, e sobre os quais
edificou uma música nacional.
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