Após
uma salva inicial de meia dúzia de títulos, a campanha de reedições do catálogo
da Xanadu começada no verão passado pela Elemental é agora enriquecida com novas
referências: “Skate Board Park”, de Joe Farrell, sem a esperada reprodução da
capa original, “Feelin’s”, de Teddy Edwards, de modo imprevisto, já que sempre
se supôs tratar-se de um ativo da Muse, e, sem acidentes de percurso, este “At
the Piano”. O disco, de certa forma, era um ás que Don Schlitten tinha na
manga. Conforme escrevia nas suas notas de apresentação: “A 2 de abril de 1973
produzi um álbum de Kenny Barron, que, mais tarde, batizámos como ‘Sunset to
Dawn’ [precisamente para a Muse, que dirigia com Joe Fields]. Foi ao longo da
gravação de ‘A Flower’, [tema] com a delicadeza e o requinte que o seu nome
indica, que decidi que viria um dia a produzir um disco inteiro de piano solo [seu].”
Isto, porque, presume-se, da sessão, ‘A Flower’ era o único registo em que o
pianista ou não recorria ao quarteto que o acompanhava ou dispensava o piano
elétrico. Com resultados invariavelmente superlativos, Barron continuou na
Muse, mas só quando Schlitten o pôde acolher na sua nova editora, em 1981, se
estreou, então, num formato que se lhe diria assentar como uma luva, embora,
para os padrões da época, não deixasse de parecer anacrónico. Em boa hora o
fez, claro. À sombra de Tatum, Powell ou Monk, (quase) todo de um deslumbre sem
ostentação, intricado sem chegar a ser incoerente, mais notável pela elegância
das suas linhas do que pelo que põe em relevo, é um marco na sua carreira e,
quiçá, na vida de quem o escuta.
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